27/08/2024

A Inovação começa na Empatia

O óbvio precisa ser dito: vivemos em uma era de transformações rápidas e contínuas. A tecnologia avança a passos largos, as tendências de mercado se atualizam com frequência e as expectativas das pessoas mudam constantemente. Nesse contexto, inovar se tornou uma necessidade imperativa. Não podemos mais pensar de forma linear sobre o futuro; o mundo nos desafia a sermos ágeis, adaptáveis e, sobretudo, humanos em nossas abordagens.
 

Justamente por isso, a verdadeira inovação não pode ser apenas técnica, ela precisa ser profundamente humana. Aqui entra a empatia. A empatia é a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, de compreender suas emoções, perspectivas e desafios. No contexto da inovação, a empatia é a chave para criar soluções que realmente impactem e transformem a vida das pessoas.
 

O Design Thinking, enquanto abordagem criativa, entra justamente com este papel: colocar as pessoas no centro do processo. Esse método iterativo abrange cinco fases: empatia, definição, ideação, prototipagem e teste. Por mais processual que pareça, Design Thinking é também sobre uma forma de pensar: olhar para o problema de uma forma humana e buscar formas criativas de resolver esta dor, seja ela qual for.


Por isso, liderar com empatia no processo de inovação significa mais do que apenas ouvir; trata-se de entender profundamente o que motiva as pessoas, o que elas valorizam e como podemos contribuir para o coletivo. É um ato de convergência, onde buscamos unir diferentes perspectivas e interesses em prol de um objetivo comum. A inovação movida pela empatia visa ao bem coletivo, porque quando a Comunidade como um todo ganha, o indivíduo também ganha.


Um exemplo prático de como a empatia e a inovação se encontram pode ser visto em eventos como o Startup Weekend, um evento educacional criativo imersivo e colaborativo que teve recentemente sua 13ª edição em Caxias do Sul, nos dias 25, 26 e 27 de julho de 2024. Esse evento, que tem como foco a metodologia ativa de educação empreendedora, vai muito além disso — ele é sobre pessoas, sobre suas transformações e sobre o impacto positivo que podemos causar em suas vidas.


Como líder desta edição, separei 3 aprendizados práticos que vivenciei nesta jornada e que compartilho como pilares de uma inovação que consiste em liderar de forma empática:
 

1. O espaço precisa ser para e de todos:

O time precisa ser diverso, inclusivo e dinâmico para que diferentes habilidades, visões e experiências sejam agregadas ao processo de inovação. Neste grupo, liderei um time com 13 pessoas. Neste time tivemos 61% de mulheres e 39% de homens organizadores, sendo  5 da área de negócios, 5 de tecnologia e 3 de criatividade, 50% do total são de empreendedores em diferentes áreas e expertises. O que une todas estas diferentes pessoas? O mesmo valor: a educação empreendedora inovadora.


Para melhor aproveitar este potencial criativo e inovador, desde o início tivemos dinâmicas de brainstorming, de cocriação das atividades e de escuta ativa, buscando sempre orientar os trabalhos para a pessoa mais adequada ao papel. Além disso, dinâmicas orientadas para processos ágeis também foram aplicadas, otimizando o potencial de criação de um time considerado enxuto para criar uma jornada de 8 eventos comunitários no período de 1 ano de trabalho.


Um depoimento recebido ilustra bem esse ponto: "Foi muito bacana poder trabalhar com tantos perfis diferentes, ideias diferentes, uma experiência incrível e que me despertou uma vontade empreendedora."

2. 
Microgerenciar é coisa do passado, a autonomia é essencial:

Estruturalmente, a liderança decisiva em momentos cruciais é essencial para que a inovação aconteça, mas isso não significa espaços hierarquizados ou fechados. O espaço de liderança foi compartilhado, em que tivemos líderes de "pastas" (marketing, infraestrutura, receptivo, patrocínios, mentores e jurados), ou seja, pessoas responsáveis por um processo, com autonomia de trabalho e para o desenvolvimento de suas atividades.


O único critério era seguir em direção ao cumprimento das metas estabelecidas pelo time, em que as ações individuais se uniam aos objetivos do coletivo. Isto tornou o trabalho mais leve e fluido, permitindo que cada um cuidasse com dedicação de uma parte do processo e pedisse suporte quando necessário.


Funcionou tão bem que, durante um dos eventos que realizamos, ouvi a pergunta sobre qual seria meu papel na equipe de trabalho neste ano. Quando mencionei que era líder, ouvi um pedido de desculpas, o que rapidamente informei que não era preciso, afinal "o time está tão bem organizado que eu não precisei participar do processo ao qual você teve contato e por isso não sabe que estou no bastidor". Uma vitória de um time autônomo! O processo fluiu tão bem que não foi preciso interferir nas decisões operacionais.

3. 
Feedbacks constantes e ativos:

Frequência de reuniões e trocas foram essenciais para o desenvolvimento de um trabalho sempre alinhado e orientado pelos objetivos do time. As constantes trocas e alinhamentos permitiam que o time sempre andasse para o mesmo objetivo, resolvendo de forma criativa e rápida problemas enfrentados. Um exemplo prático: o espaço para o evento era grande e estávamos preocupados com a comunicação interna. Como faríamos sem sair gritando pelo espaço? A solução veio do time: uso de Walk Talkie (através de um aplicativo gratuito) para melhorar a comunicação interna. Simples. Efetivo.


A jornada, focada em desenvolver uma experiência imersiva em inovação para pessoas que não atuam na área foi efetiva: 91,5% das pessoas eram participantes de primeira viagem, que deixaram feedback como "O evento foi extremamente intenso em muitos sentidos. Mas queria ressaltar que a animação dos organizadores era contagiante, deixando uma vontade de continuar e ver o que mais vinha pela frente. Foi um evento de muitos aprendizados e de muitas emoções, mas muito divertido também."


Esse testemunho ressalta a importância de eventos como o Startup Weekend, que, embora focados em inovação e empreendedorismo, têm um impacto profundo nas vidas das pessoas. É a empatia em ação, criando espaços onde as pessoas podem se transformar, descobrir seu potencial e, por sua vez, contribuir para a inovação em suas comunidades.


Afinal, a inovação não é apenas sobre o novo; é sobre o que é significativo para as pessoas. E quando lideramos com empatia, garantimos que nossa inovação não só atenda às necessidades de hoje, mas também esteja preparada para as mudanças de amanhã. 


Sobre a autora:

Mariéli Londero

Gestora de Projetos no escritório RTJP. Bacharela laureada em Relações Internacionais, possui MBA em Gestão Comercial e Marketing Digital, integra o Núcleo Facilitador da Governança Bah3 do Ecossistema de Caxias do Sul. Co-liderou o World Creativity Day 2024 e organiza o Hackathon Nasa Space Apps Challenge 2024. Líder do Startup Weekend 2024, também é membro da Frente Parlamentar para Inovação, Startups e Proteção de Dados de Caxias do Sul/RS e integra a Rede de Apoio do INOVA RS Serra Gaúcha.

Por Mariéli Londero

Publicado em 27/08/2024 às 19:05

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