As apostas esportivas online surgiram como um fenômeno radical nos últimos tempos e a tendência é que conquistem cada vez mais adeptos no Brasil e ao redor do mundo. Esse mercado já movimenta uma quantia impressionante de mais de
R$ 120 bilhões anualmente e está moldando significativamente tanto o entretenimento quanto o cenário econômico.
Esse é um reflexo que já vem acontecendo no mundo afora. A própria Disney, em contraste com seus desenhos animados e castelos de princesas, fechou acordo recente de
U$ 2 bilhões com uma plataforma online para lançar seu aplicativo de apostas de sua controlada ESPN. Essa foi uma jogada para ver seu rendimento subir em meio à queda de assinantes e o aumento dos custos das transmissões dos jogos, o que se replica em muitos outros casos de empresas do ramo.
E, por falar em dinheiro, o governo brasileiro já vem regulamentando esse cenário para conseguir morder um pouco dessa arrecadação toda. Já existe uma
Lei que legaliza as apostas por quota fixa (aquelas relativas a eventos esportivos reais que condicionam o ganho em caso de acerto do prognóstico), que foi recentemente regulamentada por uma
Medida Provisória. Mas atenção! Os jogos de azar ainda permanecem ilegais.
Hoje, juridicamente falando, existe uma divisão bem clara entre esses dois tipos de jogos, por mais que na prática não seja bem assim. As apostas esportivas têm a previsibilidade do valor que o apostador vai ganhar (as famosas “
odds”) e conhecimento prévio sobre o contexto em que está sendo apostado. Já os jogos de azar são dependentes exclusivamente da sorte, a exemplo de cassinos, roletas e bingos e, portanto, proibidos.
Por mais que haja certa regulamentação, ainda é possível observar a atuação de casas de apostas a partir de brechas na legislação. Além disso, não há como ignorar o escândalo recente que trouxe à tona a operação
Penalidade Máxima. A partir dessas investigações, foram revelados ao público diversos esquemas de fraudes das apostas esportivas, com manipulações claras de resultados e diversas práticas criminosas envolvendo as apostas esportivas online. Ou seja, o caráter de “previsibilidade” dos esportes estava sendo manipulado.
Dentre todas as polêmicas e a má reputação que as apostas carregam vinculadas à lavagem de dinheiro e outros crimes, esse movimento só cresce. O curioso e contraditório é que os brasileiros são as pessoas
que mais acessam sites de apostas esportivas, mesmo o Brasil sendo
o terceiro país mais endividado do mundo. Ou seja, os jogos de azar estão no coração do brasileiro, com dinheiro no bolso ou não.
Por isso, há muito o que se refletir sobre o comportamento humano, no qual, na esperança de ganhar dinheiro fácil, é evidente o caráter viciante dos jogos de apostas que pode comprometer o patrimônio e até a própria sanidade mental do apostador. Essa pauta é inclusive trazida pelas regulamentações, as quais estabelecem que as empresas de apostas deverão promover ações informativas e preventivas de conscientização de apostadores e de prevenção do transtorno do jogo patológico.
Certo ou não, não há dúvidas de que o mercado de apostas online tem tudo para ser uma das principais alavancas econômicas do Brasil. Agora, encontrar o meio termo dessa balança de uma forma que seja economicamente viável e saudável, aí é outra história.
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