Na era da informatização, o foco no desenvolvimento de novas tecnologias está voltado para atender as demandas das pessoas, visando a tornar as atividades rotineiras em atividades com muito mais autonomia e conforto. Tais mudanças de comportamento sociais vêm ganhando expressiva aderência nos últimos tempos devido à grande disseminação de tecnologias de inteligência artificial relativamente acessíveis ao bolso dos consumidores e, também, ao amplo alcance do marketing publicitário dos grandes fornecedores retratando tal item como essencial para os afazeres diários.
A exemplo disso é possível listar Siri (Apple), Cortana (Microsoft) e Google Assistent (Google), mas a que recentemente ganhou visibilidade foi a Alexa, assistente virtual da Amazon. Ela foi desenvolvida por inteligência artificial e responde a comandos de voz assemelhando-se a um ser humano comum. Hoje, os comandos cadastrados em seu sistema já ultrapassam mais de 70 mil possibilidades de respostas. Alguns dizem que ela possui até senso de humor, pois, mesmo que limitadamente, é possível desenvolver uma conversa com a Alexa, na qual eventualmente ela faz imitações de personagens famosos ou conta alguma piada engraçada.
A assistente virtual da Amazon também dispõe de diversas configurações de acessibilidade para auxiliar no cuidado de pessoas que possuem algum tipo de necessidade especial ou que precisam de uma atenção maior para realizar tarefas do dia-a-dia. Essa modalidade permite que a Alexa envie alertas personalizados a esses usuários para tomar medicamentos, incentivar certo tipo de exercício físico ou, até mesmo, que realize ligações automáticas aos contatos de emergência.
Mas como ela funciona? No caso, a Alexa deve estar “acoplada” a aparelhos de TV, de som, lâmpadas ou até eletrodomésticos, para que possa atuar e externalizar os comandos sonoros. Ela permanece sempre atenta para responder à palavra de ativação, que é seu nome, seguida do comando de voz para, por exemplo, descrever uma receita, acender as luzes, programar um alarme ou se atualizar na previsão do tempo.
Ao ser questionada acerca da segurança dos dados do usuário, a Amazon garantiu que as gravações e as informações compartilhadas entre o usuário e a Alexa estão completamente seguras e que há a possibilidade de apagá-las a qualquer tempo ou, até mesmo, desligar definitivamente os microfones quando não estão sendo utilizados. Ocorre que, todos nós sabemos o desenrolar desse papo já que o histórico não condiz com essa narrativa, diante do fato que a Alexa já serviu, inclusive, como “testemunha” de um assassinato na Flórida!
No futuro, os estudos se encaminham no sentido de que tais assistentes virtuais possam auxiliar em tarefas mais complexas, tais como gestão de finanças, controle direto da alimentação ou sono etc. Hoje, no âmbito residencial, verifica-se certa limitação de inteligência artificial tão avançada, já que todas as suas funcionalidades poderiam ser feitas manualmente ou sem o seu auxílio. Por isso, a mim, parece que tê-la seria muito mais um luxo do que uma necessidade, até porque você aumenta expressivamente o grau de vulnerabilidade da sua privacidade para um mínimo de retorno útil efetivo.
De todo modo, por mais que os olhos brilhem diante do avanço do desenvolvimento da inteligência artificial, esse progresso caminha paralelamente ao aumento para exposição à coleta de dados pessoais, já que assim as suas funcionalidades se tornam mais precisas e aptas a se ajustarem aos interesses do usuário e, principalmente, do fornecedor.
Por isso, questiona-se qual a real intenção da inclusão da inteligência artificial no âmbito residencial e se isso poderia acobertar um perigoso desvirtuamento do objetivo de tal tecnologia. Então, por mais que hoje vivamos em uma era de progresso tecnológico, é sábio ser cauteloso no uso de ferramentas que a indústria da inteligência artificial nos proporciona, já que, claramente, elas são desenvolvidas com base na captação de dados pessoais e padrões de comportamento.
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Publicado em 27/08/2021 às 22:11