20/05/2025

Riscos Psicossociais do Uso de Aplicativos de Mensagens no Ambiente de Trabalho

O uso de aplicativos de mensagens, como WhatsApp, Microsoft Teams e Slack, tornou-se uma prática comum no ambiente corporativo, especialmente com a popularização do trabalho remoto e híbrido. Essas ferramentas facilitam a comunicação instantânea, a colaboração em tempo real e a troca de informações rápidas. No entanto, o uso indiscriminado ou mal gerenciado desses aplicativos pode gerar riscos psicossociais significativos, impactando a saúde mental, a produtividade e o bem-estar dos trabalhadores.
Um dos principais riscos é a hiperconectividade. A expectativa de resposta imediata cria um ambiente de constante vigilância e pressão, levando à sensação de que é impossível "desconectar". Estudos apontam que a exposição contínua a notificações pode elevar os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, afetando a saúde mental a longo prazo. Essa disponibilidade permanente compromete o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, condicionando ao aumento de estresse, ansiedade e, em casos mais graves, o burnout.
Mas não só, em recente julgado na esfera trabalhista, a depressão relacionada à cobrança de metas em aplicativo de mensagens foi considerada doença do trabalho, o que acarretou no pagamento de R$ 15 mil em danos morais à empregada. Nesse caso, as alegações de que havia cobranças de metas e exposição dos resultados em grupo de WhatsApp dos funcionários da empresa foram comprovadas pelas provas produzidas.
Outro impacto relevante é o aumento da sobrecarga de informações. A enxurrada de mensagens recebidas diariamente gera interrupções frequentes, dificultando a concentração e a produtividade. A fragmentação do tempo e da atenção favorece o cansaço mental e a sensação de improdutividade, o que pode afetar a autoestima e a motivação dos empregados. Isso pode criar um ambiente onde se sentem pressionados a estar constantemente disponíveis, respondendo a mensagens fora do horário de trabalho ou durante momentos de descanso.
Além disso, a comunicação escrita, rápida e, muitas vezes, superficial, abre margem para respostas impulsivas, mal-entendidos e conflitos interpessoais. A ausência de elementos não verbais, como tom de voz e expressões faciais, dificulta a interpretação correta das mensagens, o que pode provocar sentimentos de insegurança, isolamento ou tensão entre colegas e amigos.
Outro fator de risco é a exposição a conteúdos inadequados ou mesmo ofensivos. Grupos de mensagens podem se tornar espaços de propagação de fake news, bullying virtual ou assédio, situações que afetam diretamente a saúde mental dos envolvidos. A dificuldade em sair desses grupos por questões sociais ou profissionais agrava o desconforto.
Do ponto de vista organizacional, o uso indiscriminado de aplicativos de mensagens no trabalho pode levar a práticas de microgerenciamento, vigilância informal e até violações de privacidade. A ausência de limites claros sobre horários de contato ou temas abordados pode gerar sentimentos de invasão e abuso de autoridade.
Para mitigar esses riscos, é fundamental estabelecer políticas claras de uso, promover a educação digital e incentivar práticas de desconexão saudável. Também é importante desenvolver uma cultura de comunicação empática e respeitosa, que valorize o tempo e o bem-estar de todos os envolvidos.
O uso consciente e equilibrado dos aplicativos de mensagens é, portanto, essencial para proteger a saúde mental e promover relações interpessoais mais saudáveis em um mundo cada vez mais digitalizado.
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Por Júlia Bossardi Premaor

Publicado em 20/05/2025 às 13:47

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