26/03/2021

Você sabe o que são NFTs?

Todo dia tem uma novidade no mundo da tecnologia. Algumas desaparecem antes de sabermos que existiram, outras, por outro lado, ganham destaque internacional. É o caso dos NFTs, os “tokens não fungíveis”. Você sabe o que é isso? Sabe como funciona? Calma que eu explico, mas, antes, vou dar uns exemplos que ganharam as manchetes nas últimas semanas.

Comecemos pelo mais caro (por enquanto): um NFT do artista Beeple foi vendido em um leilão da Christie’s pela bagatela de 69 milhões de dólares. Mais recentemente, Kevin Roose, colunista do New York Times, vendeu um NFT de um artigo sobre NFTs por 563 mil dólares. A turma do marketing, é claro, não ia perder essa onda: lançou uma batata sabor NFT, a CryptoCrisp Flavored Pringles, e pôs à venda 50 unidades virtuais de sua famosa lata. 

Sabemos que tem quem colecione de tudo: selos, moedas, discos, figurinhas e até frustrações amorosas (para felicidade das duplas sertanejas). Os NFTs prometem ser a próxima febre entre colecionadores e, como se vê, têm aplicações ilimitadas.

“Tá, mas explica logo o que é isso...”

Ok, vamos lá. A primeira coisa a entender é o conceito de fungibilidade. Os bens fungíveis são aqueles que podem ser trocados por outro igual e ambos terão o mesmo valor. O exemplo de manual é o dinheiro: tanto a minha nota de R$ 50,00 quanto a sua valem R$ 50,00. As comodities também são outro exemplo de bem fungível: se eu te empresto uma saca de soja e você me devolve outra saca de soja, ambas têm o mesmo valor, ainda que não sejam os mesmos grãos (até porque quero ver quem ia conferir se eram ou não os mesmos).

Os não fungíveis, obviamente, são o contrário. Pense, por exemplo, em um quadro do Van Gogh. O original vale milhões de dólares, enquanto a cópia vale uma merreca. É uma obra única e o valor está na original. Os colecionáveis são outro exemplo. Só para confundir, vou pegar o mesmo exemplo do dinheiro: uma moeda de R$ 1,00 vale R$ 1,00, mas, se for uma moeda rara de R$ 1,00 (tipo aquela das Olimpíadas), ela pode valer bem mais que isso.

O lance dos NFTs é exatamente isso: pegam algo totalmente replicável (um arquivo digital) e individualizam (exemplo do Beeple) ou rarificam (Pringles) aquele arquivo para transformá-lo em um colecionável e aumentar seu valor. E isso é feito com o uso da tecnologia blockchain, a mesma usada pelas criptomoedas, para que se saiba exatamente quem é o dono do arquivo original.

Quanto tempo vai durar essa febre? Bom, isso ninguém sabe. Guardadas as proporções, a Pop Art já está por aí há 70 anos. Os cartões telefônicos, por outro lado, acho que ninguém mais coleciona.


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Por Raphael Di Tommaso

Publicado em 26/03/2021 às 12:21

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