22/09/2021

Meu celular pode me ouvir?

Aposto que você já se deparou com um anúncio de um produto de seu interesse no seu celular sem ao menos ter efetuado qualquer pesquisa a respeito, não é mesmo? Pois então, a famosa teoria da conspiração diz que nossos celulares nos espionam secretamente, mas será que isso é coisa da nossa cabeça?

A verdade é que, hoje, somos rodeados por tecnologia que, de forma muito rápida, já desbancou muitos céticos como a invenção da internet 5G no celular, da tela touch ou até mesmo a câmera frontal, por exemplo. E quanto mais desenvolvida a tecnologia, maior será a desconfiança do usuário, já que sentimos medo daquilo que não entendemos ou não conhecemos bem. Daí surge a suspeita dos nossos celulares.

As grandes empresas como Google e Facebook juram de pés juntos que não fazem uso de dados coletados via smartphone, nem escutam conversas particulares por meio dos microfones dos nossos celulares...

Mas, como ninguém acredita nisso, a empresa britânica Wandera quis tirar a prova real e impulsionou um teste para descobrir se nossos celulares seriam mesmo capazes de nos ouvir, armazenar informações e então direcionar publicidade ao navegarmos pelas redes. Após ter submetido dois celulares com sistemas operacionais diferentes a diversos testes de captação de som, James Mack, engenheiro de sistema da Wandera, afirmou que “não houve a gravação de conversas com posterior envio de informações”.

Em outro estudo com o mesmo propósito, realizado por um grupo de especialistas em ciência da computação da Northeastern University, foram testados 17 mil aplicativos de celulares durante um ano inteiro e, da mesma forma, não encontraram evidências de que gravações foram feitas.

Então como explicar a ocorrência desse fenômeno tecnológico?

Alguns defendem que as empresas de tecnologia sabem o suficiente sobre nós para mandar anúncios direcionados ou fazer o que quiserem sem que para isso precisem escutar nossas conversas. O que, muito bem, pode ser verdade.

Já outros afirmam que, quando baixamos um aplicativo, nós autorizamos o acesso às chamadas telefônicas, aos contatos, à câmera e ao GPS do nosso celular, por exemplo, sem nos atentarmos ao fato de isso poderia causar algum tipo de uso indevido dos dados processados por ele. A partir dessas permissões seria possível, então, identificar padrões de navegação e direcionar publicidade e marketing, o que pode ser mascarado pela nossa falsa desconfiança nos celulares.

Diante de tais incertezas, o melhor mesmo é confiar desconfiando. Você pode, por exemplo, reverter as concessões desnecessárias fornecidas aos aplicativos do seu celular, já que, ao menos sobre isso, você tem controle.

No mais, mesmo que essa teoria da conspiração não tenha sido confirmada (ainda), a Amazon já admitiu escutar conversas captadas por seus assistentes inteligentes a fim de “melhorar o reconhecimento de voz e o entendimento do idioma”. O Facebook também já confirmou vasculhar os áudios enviados pelo aplicativo do Messenger para trabalhar a “precisão da transcrição automática” para os usuários que utilizam essa ferramenta. Da mesma forma, a Google sob o pretexto de tentar “aprimorar a tecnologia de reconhecimento de voz” confessou escutar as gravações feitas pelo sistema inteligente Google Home, informações que são usadas, inclusive, para o desenvolvimento do Google Assistant e outros projetos.

Por isso, levando em consideração que eles detêm os meios e os recursos para escutar, não seria uma surpresa descobrir que eles, de fato, nos escutam a todo o momento.

Mesmo não possuindo provas, todos sabem que as grandes empresas de tecnologia não estão aqui para brincar, por isso devemos sempre estar atentos em como utilizamos nossos celulares para não ficarmos reféns dessas práticas de captação de informação.

Se você ficou de cabelo em pé com nosso texto sobre o que o seu celular escuta, tenho más notícias: ele também lê tudo o que você escreve, mas isso é assunto para outra hora.


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Por Júlia Bossardi Premaor

Publicado em 22/09/2021 às 18:53

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