04/07/2022

Pagamentos invisíveis e as criptomoedas

Não é de hoje que as notas físicas de dinheiro são cada vez menos usadas. Aplicativos de pagamentos e a facilidade das contas bancárias digitais andam revolucionando a forma como a gente paga nossos boletos. Afinal, quem não gosta de evitar uma fila no banco?

Se pararmos para analisar, é muito mais do que isso. Nosso dinheiro está ficando cada vez mais invisível. Mas como assim? Hoje o nosso saldo bancário é apenas uma representação do seu valor e do que teríamos guardado ali. Mas vamos concordar que aquilo pode desaparecer e desvalorizar a qualquer momento.

Hoje em dia, não há dúvidas de que os pagamentos físicos estão cada vez mais perto da extinção.

Recentemente, o que gerou um rebuliço foi o surgimento das criptomoedas que nada mais são do que uma espécie de moeda totalmente digital, sendo diferentes basicamente pelo modo descentralizado que são transacionadas com a tecnologia blockchain e no quesito tátil, pois não há representação física de sua existência.

E não seria essa apenas uma reprodução do que já acontece no nosso dia a dia?

Mas que temor é esse que temos das criptomoedas?

As criptomoedas ganharam fama ao serem relacionadas a esquemas de pirâmides, fraudes e lavagem de dinheiro, mas elas já se demonstraram muito maiores que isso, capazes, até, de transformar o PIB de uma região.

Um estudo feito pela Receita Federal apontou que esse mercado atingiu a marca de aproximadamente 120 a 200 bilhões de reais em movimentações no ano de 2021 no Brasil, mais do que o dobro registrado em 2020.

A Ucrânia, por exemplo, em meio a uma guerra, se viu obrigada a regulamentar o recebimento de doações em criptomoedas para poder aceitar o equivalente a milhões de dólares para o auxílio nas compras de suprimentos.

Por outro lado, a China proibiu totalmente as transações em criptomoedas por estarem supostamente estimulando a prática de atividades criminosas.

As características das criptomoedas são tanto a sua ruína, como a causa do seu sucesso: o alcance global, a descentralização e a não rastreabilidade. As três coisas que os governos mais morrem de medo justamente pela falta de controle, temor esse que, consequentemente, reflete na nossa consciência.

Por isso, ainda há certa desconfiança dessa forma de investimento, sendo o primeiro a colapsar em caso de crise. Em razão desse vai e vem, há uma tendência das pessoas a redirecionarem seus investimentos para meios tradicionais, certamente porque estão empoderados de maior credibilidade em razão de sua regulamentação mais robusta.

Em meio a isso tudo, entre esquemas de pirâmide e falta de regulamentação, seria mesmo ideal ir contra esse mercado? Acho que a resposta está nos números. De qualquer forma, a aposta ainda é em um futuro no qual pagamentos invisíveis sejam tão naturais que a insegurança das pessoas acabe se virando contra os meios tradicionais antiquados que não mais fazem sentido na sociedade, porque, afinal, o "dinheiro" tem o valor que queremos dar a ele.


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Por Júlia Bossardi Premaor

Publicado em 04/07/2022 às 08:49

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